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Dados da Via Roraima > Uiramutã > Monte Roraima > Guerra de Luz e Trevas

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Foto e croqui: Eliseu Frechou.
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Um dos locais de bivaque. Foto: Eliseu Frechou
Guerra de Luz e Trevas Imprimir informações da via
6º VIIa A3 D6 E5
Cadastrada por: Luciano Bender, em 29-06-2019 às 19:15
Modalidade: big wall
Tipo de via: principal
Face: leste
Tipo de escalada predominante: agarras
Extensão: 650 metros
Descrição:

Com 12 enfiadas, a via está localizada na "proa" do Monte Roraima (parte guianense da montanha) - setor de grandes paredes verticais e negativas, em um dos locais mais inóspitos e remotos do País. Nesta região, surge uma graduação muito própria do local, chamada de "jungle", ou seja, de escalada em lances verticais com vegetação. Desta forma, nesta escala, a via adquire a graduação J4.


 


Deve-se ter muito cuidado com rocha podre e extremamente cortante, grandes blocos soltos, vegetação instável na parede (jungle climbing), escorpiões, aranhas, e tudo mais a que se tem direito em uma big wall.


 


Esta parede é dividida em dois escalões. O primeiro, menor, é composto de muita vegetação, e oferece muita dificuldade aos escaladores. O segundo é mais limpo e negativo, o que protege os escaladores das chuvas diárias neste rincão equatorial do Planeta.


 


Como a caminhada até o Monte Roraima é praticamente impossível pelo lado do Brasil e da Guiana, pois, para se fazer isso, além dos vários dias abrindo mato no meio da floresta, é preciso contar com a ajuda dos índios que têm medo da montanha. Segundo eles, o Monte Roraima é a morada de Macunaíma, que, na cultura deles, é um deus maligno que mata os homens. Por isso, a equipe brasileira contou com a ajuda de um helicóptero, que fez uma manobra arriscada, deixando-os entre as duas paredes do Roraima, onde eles só poderiam retornar à civilização após chegarem ao topo.


 


A expedição da conquista durou 21 dias, 12 dos quais pendurados na parede. Foi a terceira rota estabelecida naquele enorme paredão, o maior do Monte Roraima, tendo as duas outras sido conquistadas por ingleses e americanos. 


 


Leia a breve entrevista com Eliseu Frechou, realizada pelo portal Alta Montanha, e saiba um pouco como foi a escalada:


 


Como foi a aterrisagem do helicoptero na base da parede?


Foi um dos crux da escalada. O piloto é um cara muito experiente e de sangue frio. Conseguiu aterrissar apenas a parte da frente dos esquis em um bloco de 3x4m, logo abaixo de uma cachoeira, e nós pulamos. A operação durou segundos, e foi muito adrenante. Tudo era incerto e nunca ninguém havia pousado tão perto da parede. Há questão de 6 anos, uma equipe americana construiu uma heliponto a cerca de 2km da Proa, para a descida do helicóptero que fez o apoio deles. Mas nós não tínhamos tempo nem dinheiro para isso. Tínhamos apenas uma chance de descer. Felizmente deu tudo certo… mas, após descer, ficamos isolados, pois não havia possibilidade de volta.


 


Desde a base da parede, como foi a escolha da linha da via que vocês escolheram?


Fomos andando pela base e procurando uma linha natural, que tivesse fendas visíveis. E mantemos uma distância razoável de onde achávamos estar as vias americanas e inglesa. Não queríamos de modo algum cruzar com essas vias. 


 


Quantas enfiadas deu a via? Como foi a escalada?


Foram 12 enfiadas, a maioria com corda de 60 metros. Fizemos 5 reboques com uma corda de mais de 100m. Calculamos que, de escalada, a via ultrapassa os 650m. 


 


O tempo não colaborou muito com vocês, conte aí os perrengues da chuva e da escalada?


Tudo foi muito diferente do que eu havia visto até hoje. A chuva foi uma das maiores armadilhas da parede, pois nos deixou ilhados 4 dias num platô de 4m2. E mesmo depois da chuva, a água não parou de pingar dos platôs. Há de se preparar muito bem para aguentar a umidade do local. Posso dizer que não houve um dia sequer que ficamos completamente secos. Outro problema é que a floresta invade a parede, por isso o J4. Havia também muitos trechos de rocha decomposta e com blocos soltos gigantes. O Márcio Bruno guiou duas enfiadas aterrorizantes no início, com mais de 20metros seguidos de rocha podre.


 


Qual é a próxima?


Ahahahaha, a lista é grande. Mas agora quero processar tudo o que aprendi no Roraima para poder escolher a próxima com sabedoria. Existem muitos lugares e ambientes mágicos pelo mundo. E eu não gostaria de ir para um lugar onde não aprendesse algo novo. Portanto, vou dar um tempo para meu corpo e minha cabeça escolherem a próxima trip de modo a não repetir o que eu já conheço.


 


Clique AQUI para ler o relato completo da conquista, escrito por Eliseu Frechou.

Fonte: http://www.extremos.com.br/noticias/100124-Eliseu-Frechou-e-equipe-escalam-o-monte-roraima.asp; Fonte: http://altamontanha.com/expedicao-brasileira-conquista-novo-big-wall-no-monte-roraima/
Equipamento mínimo necessário:
  • Portaledges
  • 02 cordas de 60 m
  • 02 jogos de Camalots
Data da conquista: 21/01/2010
Conquistadores (em ordem alfabética):
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